sábado, 7 de junho de 2008

O cientista de Deus


Através de leis da física e da filosofia, pesquisador polonês mostra que deus existe e ganha um dos mais cobiçados prêmios
Por TATIANA DE MELLO
Representação do Big Bang, explosão cósmica que teria originado o universo

Como um seminarista adolescente que se sente culpado quando sua mente se divide, por exemplo, entre o chamamento para o prazer da carne e a vocação para o prazer do espírito, o polonês Michael Keller se amargurava quando tentava responder à questão da origem do universo através de um ou de outro ramo de seu conhecimento – ou seja, sentia culpa.
Ocorre, porém, que Keller não é um menino, mas sim um dos mais conceituados cientistas no campo da cosmologia e, igualmente, um dos mais renomados teólogos de seu país.
Entre o pragmatismo científico e a devoção pela religião, ele decidiu fixar esses seus dois olhares sobre a questão da origem de todas as coisas: pôs a ciência a serviço de Deus e Deus a serviço da ciência. Desse no que desse, ele fez isso.
O resultado intelectual é que ele se tornou o pioneiro na formulação de uma nova teoria que começa a ganhar corpo em toda a Europa: a “Teologia da Ciência”. O resultado material é que na semana passada Keller recebeu um dos maiores prêmios em dinheiro já dados em Nova York pela Fundação Templeton, instituição que reúne pesquisadores de todo o mundo: US$ 1,6 milhão.
O que é a “Teologia da Ciência”? Em poucas palavras, ela se define assim: a ciência encontrou Deus. E a isso Keller chegou, fazendo-se aqui uma comparação com a medicina, valendo-se do que se chama diagnóstico por exclusão: quando uma doença não preenche os requisitos para as mais diversas enfermidades já conhecidas, não é por isso que ela deixa de ser uma doença.
De volta agora à questão da formação do universo, há perguntas que a ciência não responde, mas o universo está aqui e nós, nele. Nesse “buraco negro” entra Deus.
Segundo Keller, apesar dos nítidos avanços no campo da pesquisa sobre a existência humana, continua-se sem saber o principal: quem seria o responsável pela criação do cosmo?
Com repercussão no mundo inteiro, o seu estudo e sua coragem em dizer que Deus rege a ciência naquilo que a ciência ainda tateia abrem novos campos de pesquisa. “Por que as leis na natureza são dessa forma?
Keller incentivou esse tipo de discussão”, disse a ISTOÉ Eduardo Rodrigues da Cruz, físico e professor de teologia da PUC de São Paulo.

GÊNIO Michael Keller ganhou US$ 1,6 milhão com a tese

Keller montou a sua metodologia a partir do chamado “Deus dos cientistas”: o big bang, a grande explosão de um átomo primordial que teria originado tudo aquilo que compõe o universo.
“Em todo processo físico há uma seqüência de estados. Um estado precedente é uma causa para outro estado que é seu efeito. E há sempre uma lei física que descreva esse processo”, diz ele.
E, em seguida, fustiga de novo o pensamento: “Mas o que existia antes desse átomo primordial?” Essas questões, sem respostas pela física, encontram um ponto final na religião – ou seja, encontram Deus.
Valendo-se também das ferramentas da física quântica (que estuda, entre outros pontos, a formação de cadeias de átomos) e inspirando-se em questões levantadas no século XVII pelo filósofo Gottfried Wilhelm Leibniz, o cosmólogo Keller mergulha na metáfora desse pensador: imagine, por exemplo, um livro de geometria perpetuamente reproduzido.
Embora a ciência possa explicar que uma cópia do livro se originou de outra, ela não chega à existência completa, à razão de existir daquele livro ou à razão de ele ter sido escrito. Keller “apazigua” o filósofo: “A ciência nos dá o conhecimento do mundo e a religião nos dá o significado”.
Com o prêmio que recebeu, ele anunciou a criação de um instituto de pesquisas. E já escolheu o nome: Centro Copérnico, em homenagem ao filósofo polonês que, sem abrir mão da religião, provou que o Sol é o centro do sistema solar.

A CAMINHO DO CÉU
Michael Keller usou algumas ferramentas fundamentais para ganhar o tão cobiçado prêmio científico da Fundação Templeton. Tendo como base principal a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, ele mergulhou nos mistérios das condições cósmicas, como a ausência de gravidade que interfere nas leis da física.
Como explicar a massa negra que envolve o universo e faz nossos astronautas flutuarem?
Como explicar a formação de algo que está além da compreensão do homem?
Jogando com essas questões, que abrem lacunas na ciência, Keller afirma a possibilidade de encontrarmos Deus nos conceitos da física quântica, onde se estuda a relação dos átomos. Dependendo do pólo de atração, um determinado átomo pode atrair outro e, assim, Deus e ciência também se atraem.
“E, se a ciência tem a capacidade de atrair algo, esse algo inexoravelmente existe”, diz Keller.

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7 comentários:

Anônimo disse...

Eu "penso" Deus de uma forma totalmente diferente. Não gosto, nunca gostei, de usá-lo para explicar o que eu ainda não entendo. Para mim Deus seria pequeno se tivesse criado a Terra, a vida ou mesmo o Universo. É como não porque flutuamos na água e dizer "hora! Deus me fez flutuar!"

Para mim Deus tem a ver com consciência, ele é a fonte de toda consciência no Cosmos. Não sei se Ele criou o Universo, mas para mim, se há um Deus ele é um tipo de objetivo utópico ao qual tentamos conduzir nossa consciência.

Talvez sejam até dois Deuses... Um criou o Universo e outro surgiu tempos depois trazendo consciência para o Universo, é neste segundo que estou interessado.

Acho que vale a pena destacar que o Prêmio Templeton é mais um prêmio religioso do que científico já que ele é oferecido apenas para trabalhos científicos que alimentem a fé cristã (se não me engano não serve um que alimente a crença indú mostrando, por exemplo, que a Terra realmente está sobre 4 elefantes).

Outra coisa que achei estranha foi aquele final...

Os astronautas não flutuam por causa da matéria escura!!! Eles flutuam porque estão em queda livre (se em órbita de um grande corpo celeste) ou pela ausência de um corpo celeste que produza atração (no meio de uma viagem Terra-Lua por exemplo).

Quanto à coisas além da compreensão humana a gente não as explica, afinal estão além da nossa compreensão, ora! Nestes casos a gente vai expandindo nossa compreensão até que sejamos capazes de compreendêlas! É necessário ter a humildade de reconhecer que há coisas além das nossas capacidades atuais! Tacar Deuses lá é ser preguiçoso: "Argh! Não entendo isso! Então foi Deus que fez!"

Anônimo disse...

Então Roney... concordo plenamente que ninguém pode mesmo definir Deus ainda... porque não temos essa capacidade toda.... mas, o importante, para mim pelo menos, é que sabemos que o NADA não pode criar alguma coisa.. logo, se o universo existe, alguma coisa o criou... e COISAS não criam nada... apenas uma MENTE por detrás das COISAS pode criar...Logo, só o fato de podermos concluir isso, já por si só traduz a existência de um "DEUS". Não é?!
beijocas

Andreia (Andy) disse...

E.T.: Esqueci de dizer para vc não se preocupar com seu ceticismo em alguns assuntos... eu tb sou... srsrs... e prefiro isso à bitolação... porque esta não usa de raciocínio e nem de sensatez... e aí fica muito mais difícil de se argumentar! rsss
bjsss

Anônimo disse...

Andei pensando muito nesta coisa do Universo ter sido criado por um Deus. Parece que isso é muito importante para as pessoas, mas de repente me ocorreu... porquê?

Quem é o pai, aquele que engravida a mulher e depois desaparece ou o que a aceita e cuida da criança como se fosse seu próprio filho?

Mesmo que os dois sejam o mesmo cara, o que o faz especial, ter um trabalho que dá dinheiro para comprar coisas o o carinho e sabedoria que é capaz de passar para a esposa e filhos?

Porque tanta fixação em Deus ter criado o Universo?

Talvez ele esteja lá pensando "Ah! Como eles são ingênuos! Aquilo não foi nada! Queria que eles me valorizassem pelo que faço de realmente difícil!"

E quando a "nada" não poder gerar "algo", bem, já se falou em geração expontânea de vida por causa das drosófilas que apareciam no lixo "do nada".

Pode ser que algo não consciente e meramente físico que ainda não compreendemos ou detectamos tenha causado o Universo.

Como uma onda... Quem olha da praia pode achar que ela veio do nada, mas estudando um pouco entendemos as correntes, os ventos e o comportamento das ondas.

Andreia (Andy) disse...

Mais uma vez entendo seu ponto de vista, porque te conheço faz tempo!!!! rsrsrs
Mas, aqui entramos em duas questões... A fixação por DEUS ter criado o universo, realmente só existe em nós porque "precisamos" desesperadamente saber de onde viemos e quem nos criou... isso serve como um referencial existencial indispensável ao nosso equilíbrio (mesmo para aqueles q se consideram céticos) e ainda outra razão ainda mais importante -a VIDA espiritual e contínua = imortal - pois a idéia da existência de um DEUS e, considerando então que ESTE não poderia criar algo tão espetacular para "brincar de casinha com fantoches (teoricamente para muitos - seríamos NÓS. Estes para mim seriam os motivos reais da nossa fixação por provar para nós mesmos a SUA existência.
Agora falando do teórico NADA à quem vc comentou - agora entra aqui minhas convícções espirituais - atrás desse NADA existem LEIS da natureza universal para que tudo se processe evolutivamente em perfeito equilíbrio. A Física, a química, a biologia e todas as ciências fazem parte dessa LEI DE EQUILÍBRIO do Universo. Portanto, NADA aparece de repente do NADA. Concordando então contigo, por detrás dessa "física" aparentemente independente, existe uma LEI que a faz exercer suas funções, mas que ainda - na sua integralidade - não conhecemos.
É isso... rsrss
Beijocasss

Anônimo disse...

Andy, no seu caso (que é uma pessoa muito boa) eu acho que a fé é muito positiva, mas temo que para a maioria das pessoas a certeza de que elas estão ligadas ao deus que criou o universo seja fruto do orgulho e não de uma busca espiritual genuína. Trata-se de poder dizer "EU SOU PREFERIDO DO DEUS QUE CRIOU O UNIVERSO! EU SOU ESPECIAL!"

Enquanto não sei quem criou ou mesmo se alguém criou o Universo prefiro ficar e sugerir às pessoas que alimentem aspirações espirituais mais humildes, algo como "não sei se sou consciente a ponto de ser notada pelos deuses, mas vou fazer o melhor que puder pelas pessoas que estão aqui comigo"

Andreia (Andy) disse...

Essa sua visão já demonstra que vc faz parte da galera que deseja sinceramente o bem genuíno... isso já é por si só o mais importante!!
Agora...roney... não sou boa não amigo... eu TENTO fazer algumas coisas certas e ir melhorando... tratando com carinho e amizade as pessoas que desejam isso e que permitem isso.. só isso!!
Agora...vc sabe q sendo Cristã de carteirinha (rsrsrs) não poderia deixar de citar uma frase do cristo.. "Vós sois Deuses!"... porque somos criações de um Deus...Então, para alguns isso pode até ser motivo de se acharem melhores do que alguém, mas para mim isso apenas me alegra, pois tenho a convicção de q sou eterna e perfectível... um dia serei um ser espiritual muito melhor e feliz... Isso é o q me guia a vida... e segura as minhas pontas quando precso! rsss
Uma beijoca!!