sábado, 31 de maio de 2008

Gene que ‘causa mau comportamento’ é identificado


Muito bom este artigo do Jorge Hessen, mas preciso apenas comentar um outro ponto que parece não ter sido levado em conta por ele no momento:

- Não somos realmente joguetes da genética, mas vários fatores podem sim desencadear problemas genéticos através de "n" formas, sem que sejamos os únicos responsáveis por estes.

Vejamos:
1) Sabe-se que através da energia dispendida pelas emoções/pensamentos (bons ou ruins) de terceiros, nossa saúde física e mental (células em geral) podem ser afetadas até mesmo desde a gestação;

2) Sabe-se, também que, espíritos ainda dedicados ao mal - alguns chamados de "magos negros" - implantam comumente aparelhos em nosso corpo perispirítico no intuito de causarem sofrimento, doenças e dor às suas "vítimas".

Considerando-se entretanto que embora também saibamos que isso só acontece à nós por nossa invigilância ao abrirmos as portas através de nossas sintonias com os mesmos ou mesmo por débitos do nosso passado, não podemos imputar todos os "defeitos genéticos" à nós enquanto espíritos, admitindo apenas que em casos como os que citei, possamos ser "co-participantes" nestas lesões.

Kardec nos advertiu para que déssemos a devida importância e respeito à ciência (isso para não colocar aqui a frase radical dele) e, mais uma vez devemos sim, aplaudir os avanços da mesma em benefício de nós mesmos, uma vez que "também" sabemos que, nestes casos, são inspirados/orientados pelo lado elevado da espiritualidade benfeitora afim de ajudar o ser humano em suas dificuldades.

Nosso livre-arbítrio é fundamentado na nossa consciência desperta; frente ainda ao nosso despreparo/ignorância das leis divinas, passamos a ser vítimas de nós mesmos, mas sem a responsabilidade total por nossos desiquilibrios. Terceiros envolvidos têm sua cota participativa!


Um suicida, por exemplo, gozando de suas faculdades mentais intáctas (se é que isso é possível para este!) é muito mais culpado pelos danos causados ao seu planejamento reencarnatório e ao seu perispírito, do que aquele que mata seu corpo físico num momento de surto psicótico, numa crise emocional, num desespero incontrolável, por exemplo - também já nos esclarece a espiritualidade maior, embora também tenham sua carga de responsabilidade por estes desiquilíbrios.


Mantenhamos as devidas proporções na análise de assuntos ligados principalmente ao avanço da ciência, para que não nos precipitemos em nossos julgamentos, muitas vezes radicalizando o que não é nada radicalizável.

Muita Paz,
Andy






Gene que ‘causa mau comportamento’ é identificado

Adolescentes podem ser mais propensos a cometer crimes violentos se tiverem uma versão menos ativa de um gene que controla a agressão e forem submetidos a abusos na infância, segundo um estudo realizado pelo Instituto de Psiquiatria de Londres e objeto de uma reportagem da revista científica New Scientist.
A equipe do Instituto de Psiquiatria de Londres teve acesso a um estudo neozelandês que acompanha desde 1972 a saúde física e mental de mais de mil pessoas desde o nascimento.
Os pesquisadores analisaram tanto o registro de maus tratos na infância quanto a presença da enzima MAO-A, que regula a quantidade de serotonina no cérebro, molécula que tem um papel importante no controle da agressão.
O resultado indicou que crianças que sofrem algum tipo de abuso na infância e possuem uma forma pouco ativa da MAO-A têm três vezes mais chances de apresentar uma desordem comportamental e dez vezes mais chances de serem condenadas por um crime violento.
O estudo identificou dois grupos de delinqüentes.
Um grupo é formado por pessoas que passam a cometer crimes pequenos depois de entrar em contato com a turma errada. Esses jovens comumente deixam a criminalidade aos vinte e poucos anos.
O outro grupo, mais problemático, é formado por pessoas que passam a dar sinais de um comportamento anti-social já mesmo na idade de ir à creche. São essas crianças que teriam uma predisposição biológica para problemas comportamentais, segundo o estudo.
Notícia publicada na
BBC Brasil, em 10 de abril de 2008.
Jorge Hessen* comenta
NÃO SOMOS JOGUETES DA CASUALIDADE BIOGENÉTICA25 de maio de 2008
A reportagem publicada na revista científica New Scientist consigna que o "gene" causador do mau comportamento foi identificado. Segundo o resultado da pesquisa, os adolescentes podem ser mais propensos a cometer crimes violentos se tiverem uma versão menos ativa de um "gene" que controla a agressão. O estudo foi realizado pelo Instituto de Psiquiatria de Londres, onde pesquisadores analisaram e registraram a presença da enzima MAO-A, que regula, no cérebro, a quantidade de serotonina, molécula que tem um papel importante no controle da agressividade. O mau comportamento é, segundo se acredita, apenas um reflexo da forma pouco ativa da MAO-A.
Sobre o assunto, não desconhecemos que a genética, através de seus princípios, teve grande importância no esclarecimento dos mecanismos de aparecimento e desenvolvimento das espécies, mas fatos que não estavam tão claros na obra revolucionária de Charles Darwin de 1859, com o desenvolvimento posterior da teoria darwinista, dinamizada pela genética, deram origem a diversas especulações em torno da natureza do homem. Nesse sentido, nasceu a idéia de que os genes seriam responsáveis não só pelos caracteres morfológicos de um ser vivo, porém também de toda sua bagagem comportamental.
É importante ressaltar de imediato que há diferenças fundamentais entre a gênese orgânica e a gênese espiritual. A primeira, em sentido puramente material, pois que se trata exclusivamente do ponto de vista corpóreo. A segunda é uma verdade axiomática: se não há efeito sem causa, não há efeito inteligente sem causa inteligente. Não podemos atribuir pensamento à matéria, mas concluir que ela se move mediante um comando inteligente, e que dela se serve para se manifestar e evoluir.
É bem verdade que é o próprio Espírito que modela o seu envoltório, molda-o de acordo com a sua inteligência e necessidades, mas daí a dizer que os genes seriam responsáveis por toda uma bagagem comportamental, vai uma grande distância, pois assim não estaríamos estabelecendo distinção entre habitação e habitante.
Aplicada ao homem, essa forma radical de interpretação biogenética adquiriu enorme força na forma do "darwinismo social". A rigor, o escopo da proposição seria a lei de perpetuação de certo gene como delimitador de uma determinada característica – seja morfológica ou comportamental –, mas, sobretudo esta última, quando representasse vantagens nitidamente desejáveis a toda espécie. A mantença do gene favoreceria diretamente a permanência da própria espécie.
Como resultante desse princípio, que é consubstanciado para os caracteres morfológicos, seria possível modificar o comportamento dos indivíduos pela manipulação genética. Essa tese admite que os genes contêm todo o código que descreve o indivíduo, mesmo em sua mais íntima psicologia, a saber: sobre como ele se posiciona diante de determinadas circunstâncias, de suas tendências inatas, na inteligência, na afetividade, no relacionamento social. É óbvio que esse princípio está em total discordância com os preceitos da Doutrina Espírita.
Será que somos apenas um repositório para a sobrevivência dos genes que carregam para a eternidade nossos sentimentos e modos de ser? Ilustremos o assunto evocando a doutrina da eugenia. Segundo ela, seria possível ao Estado gerar uma elite genética pelo controle rigoroso da reprodução humana, favorecendo a perpetuação dos indivíduos com caracteres de comportamento desejáveis e proscrevendo os indesejáveis. A historiografia registra que alguns Estados totalitários do século passado chegaram a namorar com a eugenia como programa de desenvolvimento social com trágicas conseqüências.
Nosso objetivo aqui é chamar a atenção para os fundamentos que diferenciam a posição espírita das especulações advindas principalmente da genética. O principal ponto que agride diretamente com essas recentes propostas é a concepção de livre-arbítrio. Algumas teses expostas acima, mormente da reportagem da New Scientist, como ranço do darwinismo social, aplicada à natureza humana, parecem fortemente limitar uma das mais misteriosas propriedades do homem: o livre-arbítrio.(1)
Apesar das muitas interpretações filosóficas do livre-arbítrio, em que a teologia alega que a doutrina da onisciência divina está em conflito, pois se Deus sabe exatamente o que ocorrerá, incluindo cada escolha feita por pessoa, o status das escolhas como livres está em questão. Muitos cristãos não-calvinistas tentam uma reconciliação dos conceitos duais de predestinação e livre-arbítrio. Estudiosos de vieses vaticanistas aceitam a idéia de livre-arbítrio universalmente, mas geralmente não vêem o livre-arbítrio como existindo separadamente ou em contradição com a graça divina.
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino escreveram bastante sobre o livre-arbítrio. Agostinho foca no livre-arbítrio nas suas respostas aos maniqueus, e nas limitações de um conceito de livre-arbítrio como negação da graça divina. A rigor, a ênfase da Igreja de Roma no livre-arbítrio e na graça divina freqüentemente é contrastada com a predestinação no cristianismo protestante, especialmente após a contra-reforma.
Para o Espiritismo, o livre-arbítrio significa liberdade moral do homem, faculdade que ele tem de se guiar pela sua vontade na realização de seus atos. Os Espíritos ensinam que a alteração das faculdades mentais, por uma causa acidental ou natural, é o único caso em que o homem fica privado de seu livre-arbítrio. Fora disso, é sempre senhor de fazer ou de não fazer.
Não estamos desconsiderando a importância da genética como ciência bem estabelecida, mas discordamos das interpretações absurdas nascidas de extrapolações com base profundamente materialista. A genética tem sido responsável por uma enorme variedade de contribuições práticas em vários campos da ciência, tornando possível a cura de muitas doenças e a produção de substâncias que melhoram consideravelmente o desempenho fisiológico de muitos seres vivos.
Não desconhecemos que a Ciência tem contribuído, no limite de seu recurso, para síntese de substâncias que exercem funções neurotransmissoras – a fim de assegurar o controle e equilíbrio neuropsicofísico dos portadores de agumas síndromes psicopatológicas. Porém, no que diz respeito às tendências da individualidade humana, é óbvio que elas não podem ser fixadas, inexoravelmente, ou pré-programadas, geneticamente, desde a hora de nosso nascimento. Isto equivale afirmar que a decisão de qual caminho tomar diante das influências externas (incluindo aqui o processo de produção da enzima MAO-A, que regula, no cérebro, a quantidade de serotonina) pertence somente ao Espírito, durante sua jornada evolutiva. Uma vez que as qualidades morais que caracterizam a índole do ser humano têm inexoravelmente origem em seu Espírito.
Kardec indagou aos Espíritos: "Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros do mal? Não têm eles o livre-arbítrio?" Os Benfeitores responderam: "Deus não os criou maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanto para o mal. Os que são maus, assim se tornam por vontade própria."(2) (grifamos)
Sem o livre-arbítrio, os Espíritos não passariam de meros andróides previamente programados. O ínclito mestre de Lyon redarguiu aos Mensageiros maiores: "Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência de si mesmos, gozar da liberdade de escolha entre o bem e o mal? Há neles algum princípio, qualquer tendência que os encaminhe para uma senda de preferência a outra?" A resposta foi simples: "O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito. A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude de sua livre vontade. É o que contém a grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original; uns cederam à tentação, outros resistiram."(3)
Por isso mesmo, não seria possível que as predisposições instintivas fossem determinadas geneticamente. A Doutrina Espírita, abertamente, faz a asserção de que as predisposições instintivas, a bagagem ou herança espiritual criada e carregada por ele mesmo através dos séculos são patrimônios do Espírito. Essa conclusão, magistralmente integrada ao conteúdo de princípios da Terceira Revelação, é a única capaz de explicar o ser humano ou de, ao menos, trazer a sensação consoladora de que não somos joguetes da casualidade biogenética.
Referências:
1) Capacidade do ser decidir entre duas alternativas ou entre um conjunto de opções por uma introspecção interna. O livre-arbítrio prende-se logicamente a razão de ser da personalidade humana, diz-se que a criatura humana age de acordo com suas pendências pessoais, e toma a decisão segundo seus interesses e inclinações quando o livre-arbítrio tem papel preponderante;
2) Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. Feb, 2001, parte 2, do capítulo 1, questão 121;
3) Idem, questão 122.
* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.

fonte: http://www.espiritismo.net/content,0,0,645,0,0.html

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A ANTIPARTÍCULA DIANTE DE ANTIGOS ENSINAMENTOS


Antimatéria ou antipartícula não poderia ser também o perispírito proposto pelo Espiritismo?
Leonardo Leonardo Machado*
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E.T.: no final desta tem um link interessante

Desde todo o sempre a criatura humana foi chamada à atenção para a realidade invisível de outras dimensões. E, como os antigos já sabiam desta verdade, não tardaram em complementá-la com o legado do espírito, a essência individual.
Krishna, a esse respeito, é objetivo em sua explicação à arjuna – “perecíveis são os corpos, esses templos do espírito; quem pensa é a alma, o Eu; atua a matéria em virtude do seu poder interno, construindo formas mutáveis; o espírito que nela habita e fecunda faz com que ela experimente prazer e sofrimento”.
Lao-tsé, por sua vez, no seu poema vinte e cinco, diz – “ nas profundezas do Insondável, jaz o Ser”. Podendo-se interpretá-lo, não somente como o Universo e Deus, mas também como o corpo e o espírito.
Buda, a seu turno, despedindo-se dos seus discípulos, obtemperou – “ a morte é apenas o desaparecimento do corpo físico; este corpo nasce de pais e se mantém com alimentos; por isso, a doença e a morte lhe são inevitáveis; Buda não é um corpo físico; o corpo físico perece; aquele que apenas vê o meu corpo não me vê realmente”. Ou, ainda, em outra ocasião, enunciou – “tudo é mutável, todo aparece e desaparece; só poderá haver a bem-aventurada paz quando se puder escapar da agonia da vida e da morte”.
Sócrates e Platão, aos seus tempos, defenderam que a alma era imortal, porque “cada corpo movido de fora é inanimado. O corpo movido de dentro, contudo, é animado, pois que o movimento é a natureza da alma. E o que a si próprio se move é imortal”. Identificavam Deus como sendo o movimento primordial do universo, e o espírito pequena parcela de movimento que veio do Gerador de tudo. Desse modo, segundo eles, o verdadeiro filósofo não devia temer a morte.
O Mestre Jesus, por sua vez, dissera: “não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma”. Ou, ainda, conversando com Nicodemos, obtemperara – “ o que nasce da carne é carne, mas o que nasceu do espírito é espírito”.
Um dos mais notáveis discípulos do Cristo, Paulo de Tarso, igualmente, ensinara – “se há corpo material, há também o corpo espiritual; pois nem todos os corpos são da mesma natureza. Importa que esse corpo corruptível revista a incorruptibilidade, e que esse corpo mortal revisa a imortalidade”.
O Espiritismo, a seu turno, explica que “os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos”; e que “os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a liberdade”. Kardec elucida, ainda – “a morte é a destruição do envoltório corporal; a alma abandona esse envoltório como troca a roupa usada, ou como a borboleta deixa sua crisálida; mas conserva o seu corpo fluídico ou perispírito”. Deixando claro, outrossim, que a “alma é assim um ser simples; o Espírito um ser duplo e o homem um ser triplo. Seria mais exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e o termo Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico; mas, como não se pode conceber o princípio inteligente isolado da matéria, nem o perispírito sem ser animado pelo princípio inteligente, as palavras alma e Espírito são, no uso, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, do mesmo modo por que se diz que uma cidade é povoada de tantas almas, uma vila composta de tantas famílias; filosoficamente, porém, é essencial fazer-se a diferença”.
Pode ser, porém, que tu te estejas perguntando – “tudo bem filosoficamente, o que nos indagamos até aqui é uma conseqüência natural da existência de uma outra dimensão; mas será que existe algum dado científico que possa sustentar estes ensinos”?
A resposta, no entanto, será um objetivo sim.
Em 1927, o famoso físico alemão Werner Karl Heisenberg formulou um interessante princípio, o qual ficou conhecido como o Princípio da Incerteza. Este postula que não se pode determinar com exatidão a posição e a velocidade de um objeto com precisão infinita ao mesmo tempo: ou se saberá mais de um, ou mais de outro.
Tal teoria, a primeira vista, pode ser considerada muito simples. Contudo é extremamente revolucionária se for aplicado a outras situações, e mesmo nesta original. Dentre as inúmeras contribuições, ela foi a base para se instituir o Paradigma /quântico. Este diz ser impossível predizer um único resultado definido para uma observação; pelo contrário, a ciência pode predizer vários desfechos possíveis diferentes, informando-nos qual a probabilidade de cada um deles ocorrer.
O norte-americano Richard Feynman, por sua vez, aplicando este princípio ao elétron descobriu que, mesmo num espaço vazio, pares de partícula/antipartícula virtuais existe. Esta conclusão ficaria conhecida como sendo o Diagrama partícula/antipartícula virtual de Feynman. Com isso, atualmente, sabe-se que toda matéria possui uma antimatéria virtual portadora também de energia, desde os seus níveis mais microscópicos até os seus estágios mais macros. A questão é que esta última não pode ser detectada pelas máquinas atuais. Entretanto, seus efeitos diretos podem ser medidos. Assim, utilizando-se de sua mais alta capacidade de elucubração, os cientistas conseguiram deduzir a existência dela, pelos efeitos, sem precisarem vê-la.
Ora, esta antimatéria, ou antipartícula, não poderia ser também o corpo espiritual, ou o perispírito proposto pela Doutrina Espírita? Na sombra destas descobertas quânticas, não encontramos o lugar comum dos ensinos antigos acerca da essencial espiritual invisível do ser?
De nossa parte, esposamos a mesma opinião do psiquiatra Jorge Andréa, quando este fala sobre “a existência desses dois campo em convívio equilibrando-se mutuamente”, complementando que, “na posição humana”, o “nosso arcabouço físico seria constituído às expensas de átomos com suas partículas e os campos perispirituais (zona de transição entre o espírito e matéria) participariam de uma estruturação de antipartículas do campo de antimatéria”. E, tendo em visa que a alma está intimamente ligada ao perispírito, formando o complexo conhecido como espírito, esta antimatéria formando esta estrutura sutil, igualmente, convergiria para a aceitação deste ser fundamental e real.



Revista Internacional de Espiritismo, - abril 2008

*O autor é estudante de medicina da UPE, compositor erudito, escritor e orador espírita e trabalhador do Núcleo espírita Investigadores da Luz – NEIL, em Recife, PE.

Bibliografia

1. Krishna. Bhagavad Gita. Tradução de Huberto Rohden. 1ª. Edição –São Paulo: Editora Martin Claret, 2005, p.22-23, ; cap. 2, v. 18 e 19; cap. 13, v.21.
2. Lao-Tse, Tao Te Ching – o livro que revela Deus. Tradução Huberto Rhoden. 1ª.Edição São Paulo: Editora Martin Claret, 2005, p. 75, poema 25.
3. Gautama, Siddharta. A Doutrina de Buda. Tradução de Jorge Anzai. São Paulo, Editora Martin Claret, 2005, parte 1, capt. 1, parte II, ponto 5, p. 23; e parte 3, capt. II, parte IV, ponto 7, p. 126.
4. Platão. Fedro. Tradução: Alex Marins, São Paulo: Editora Martin Claret, 2002, p.81-82
5. Platão. Fedon – diálogo sobre a alma e morte de Sócrates. Tradução de Miguel Ruas. São Paulo: Editora Martin Claret, 2004, p.22-23.
6. São Mateus, 10:28
7. São João 3:6
8. 1ª. Epistola Paulo aos Coríntios, 15:44 e 53
9. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos 76ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB, introdução ponto V, p.28
10. Kardec Allan. Resumo da lei e dos fenômenos espíritas. 28ª. ed. Araras: Instituto de difusão espírita, 1993, capítulo I, ponto 5. P-209.
11. Kardec, Allan.O que é o Espiritismo 52ª. Ed. Rio de Janeiro:FEB, capt. 2, ponto 14, p.155.
12. Hawking, Stephen; Miodinow, Leonard. Uma nova história do tempo. 1a. ed. 1ª. reimpressão. Rio de Janeiro: Ediouro 2005, p.97,126,127.
13. Andréa, Jorge. Enfoques científicos na Doutrina Espírita, 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Sociedade Lorenz, 1991, p. 183
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Um bom artigo (não espírita) sobre a Antimatéria está na pág: http://sofadasala.vilabol.uol.com.br/noticia/29092006.htm

sábado, 24 de maio de 2008

O que dizem os sonhos

Como a psicologia, a neurociência e as religiões analisam as mensagens que vêm à tona durante o sono e por que interpretá-las corretamente é fundamental para melhorar a sua vida.
Um despertar tranqüilo ajuda a fixar na memória o que foi sonhado à noite - A jovem sonha que está sendo atacada por uma cobra em um sítio. Ao tentar se desvencilhar do animal, percebe que está cercada por outras serpentes. A maior delas não demora para se enrolar em sua cintura, deixando-a totalmentei mobilizada e impotente. Assustada, a garota acorda e se pergunta, ntrigada: que mensagem estaria por trás daquela experiência onírica? Sonhos podem ser interpretados de muitas maneiras, dentro das mais variadas crenças, culturas, filosofias, religiões e linhas científicas. Mas ninguémestudou tão profundamente o assunto quanto o psiquiatra suíço Carl GustavJung. Para desvendar os mistérios do sono, ele recorria aos símbolos universais do que chamou de inconsciente coletivo. Uma cobra, por exemplo,pode significar morte, cura ou transformação. Médicos neurologistas defendemque as imagens que povoam a mente das pessoas durante o sono são, muitas vezes, resultado de percepções e de memórias antigas que vêm à tona e seencaixam. Isso explicaria os sonhos que parecem trazer soluções para a vidareal, como a história do físico alemão Albert Einstein, que concluiu a Teoria da Relatividade depois de um cochilo.O sonho relatado na página 56 tornou-se exercício de interpretação daprimeira turma do curso Os Sonhos e a Jornada do Herói, aberto no mês passado pela Coordenadoria-Geral de Especialização (Cogeae) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Organizada pelo psicólogo eprofessor de mitologia Guilherme Kwasinski, a disciplina propõe a análise dos sonhos a partir da classificação de arquétipos idealizada por Jung e referendada pelo mitólogo Joseph Campbell no clássico O herói das mil faces(leia quadro à pág. 61). "Há muitos paralelos entre os dois estudos. Campbell dizia que o mito é o sonho coletivo, enquanto o sonho é o mito pessoal de cada indivíduo", cita Kwasinski. Com inscrições disponíveis parao público em geral, todas as 25 vagas foram esgotadas – havia ainda fila deespera. Devido ao sucesso, as aulas serão oferecidas novamente no segundo semestre e são grandes as chances de ganharem cadeira cativa no portfólio decursos de extensão da universidade. Os espíritas acreditam que, em alguns sonhos, a alma da pessoa desencarne e "viva" situações forade seu corpo* "Nós nos iludimos no dia-a-dia, trabalhamos com o que e com quem não gostamos, temos que nos enquadrar nos padrões da sociedade. Os sonhos ajudama mostrar quem somos na essência, são um caminho para o auto conhecimento, para a nossa verdade mais profunda", afirma Kwasinski. Segundo os métodos docurso, o herói, personagem principal do sonho, é sempre a pessoa que estásonhando e a experiência onírica é dividida em três partes. Para começar, apresenta-se um ambiente e uma situação, como nas primeiras imagens de umfilme. A seguir, desenvolve-se um enredo, o vilão (chamado de sombra) se manifesta, os personagens definem seu papel na história (como os arquétiposde Jung e Campbell) e o herói inicia um caminho de conflitos, provações – e cheio de pistas. Na última seção, acontece o grand finale: respostas são oferecidas e a trama é concluída. A psicóloga suíça Marie-Louise von Fraz,uma das maiores colaboradoras e defensoras das idéias de Jung, dizia que a última frase de um sonho merece uma atenção especial, pois é na interpretação dela que reside a chave para a solução do enigma. "O sonho é uma simulação do futuro possível com base no passado conhecido", resume Sidarta Ribeiro, neurocientista e diretor científico do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra, em Natal, Rio Grande do Norte. Detectar e classificar os personagens que aparecem no sonho é o primeiro passo da interpretação. Reconhecer o sábio, os aliados, a cara-metade do sexo oposto, o mensageiro, o rival e seus comparsas torna possível a compreensão das atitudes de cada um deles. Pode ser mais difícil do que parece, pois não necessariamente todo sonho será povoado por todos esses arquétipos – que também podem estar representados por símbolos abstratos, em vez de pessoas. Mapeado quem é quem na história, devem-se analisar o enredoem si e suas particularidades (tempo, espaço, situações), para desvendar aaventura proposta e os meios de realizá- la. A jornada do herói é bem-sucedida quando ele conquista seu objetivo e, mais do que isso, acumula conhecimentos valorosos para melhorar a própria vida e a dos que estão à sua volta.
Interpretar corretamente o próprio sonho ajuda a perceber com o que estamos insatisfeitos para fazer pequenos ajustes ou iniciar grandes transformações pessoais", diz Kwasinski, que tem mais de três mil sonhos pessoais anotados desde 1983, classificados por épocas e temas, aos quais ele recorre em buscade explicações para o próprio comportamento cotidiano – o pai da psicanálise, Sigmund Freud, definiu o sonho como o caminho real para oinconsciente em uma de suas mais célebres afirmações. "De tempos em tempos,temos sonhos maravilhosos, como as obras-primas de grandes artistas, que nostrazem revelações surpreendentes. Decifrá-los é o caminho paracompreendermos melhor nossos desejos e a nós mesmos", completa o professor. Manter um diário é fundamental para uma análise profunda de seus significados. O hábito permite traçar um panorama dos sonhos mais recorrentes ao longo da vida para tentar entender a mensagem contida neles, assim como identificar os verdadeiros temores por trás dos grandes pesadelos. Para tanto, o sonho deve ser anotado assim que se acorda. Um despertar tranqüilo ajuda a lembrar de detalhes e pessoas envolvidas. "Todo mundo sonha. Mas aquelas pessoas que acordam com o barulho de um despertadore saem correndo da cama para tomar um banho ou preparar o café da manhã inibem a liberação de noradrenalina, que são neurotransmissores auxiliares da manutenção da memória. Como a noradrenalina não é liberada durante osono, é importante dar um tempo para que isso ocorra nos primeiros momentos desperto", diz Ribeiro. O neurocientista recomenda também que uma auto-sugestão seja feita antes de dormir – ou seja, cada um deve reafirmar para si mesmo o desejo de sonhar durante o sono. Desde que o homem existe, os sonhos são cercados de mistérios. Para os povos antigos, eles carregavam algo de sobrenatural. Eram vistos como um meio de a pessoa receber orientações e mensagens do além, tanto das divindades quanto dos mortos. Os egípcios e gregos, por exemplo, pensavam ser possível estabelecer contato com os deuses. E, assim como os espíritas de hoje em dia que acreditam na possibilidade de interação com almas desencarnadas enquanto dormimos –, os chineses estavam certos da possibilidade de encontrar os mortos. *Cada povo, cultura e tradição lida com o sonho de ummodo particular*. Há os que não dão a mínima para o assunto. E há também aqueles que se dedicam a interpretálos, numa tentativa de se tornar indivíduos melhores e de viver com mais segurança. É o caso da tribo senoi, na Malásia. Lá, sempre que acordavam, as crianças costumavam relatar seussonhos aos pais. Recebiam conselhos e suas mensagens eram vistas como dicasimportantes para a rotina diária da aldeia. Era a partir das experiências dos pequenos e do que aquilo simbolizava para a tribo que decisões, comoépoca de plantar e colher, eram tomadas. Na Bíblia, há mais de 700 referências a sonhos e visões. Uma das mais famosas é com José carpinteiro*O candomblé também incentiva seus seguidores a interpretar os sonhos, numa tentativa de se blindar de problemas. "Sonhar com um banho de mar podeindicar que a pessoa está 'carregada' espiritualmente", atesta o líder espiritual e presidente do Centro Cultural Africano, em São Paulo, AtunbaAdekunle Aderonmu. "Ao acordar ela deve se purificar, participando de um ritual de limpeza ou tomando banho de sal grosso", diz ele. O candomblé conta que entidades como Ogum, Oxum e Iansã costumavam ter sonhos premonitórios. É por isso que a aceitação dessas mensagens pelosafro-brasileiros têm tanta força."O sonho é muito importante para todas as culturas ancestrais. No mundo ocidental, ainda se dá pouca atenção a ele. É importante conciliar a vigília (quando estamos acordados) com a vida onírica", defende Ribeiro. O neurocientista diz prestar ainda mais atenção em seus sonhos quando se vê pressionado por alguma situação extrema, no trabalho ou na vida pessoal. Uma atitude parecida com a desempenhada por seguidores do budismo tibetano, queusam os sonhos para entender os momentos de vida em que se encontram. "É comum os lamas pedirem às pessoas com quem convivem para que elas lherelatem seus sonhos. Eles possuem seus próprios símbolos e buscam mensagens", resume Arnaldo Bassoli, psicoterapeuta e presidente do Comitê Brasileiro de Apoio ao Tibete no Brasil. Através da ioga dos sonhos, práticavoltada para budistas avançados, a pessoa desenvolve a habilidade de semanter consciente nesses momentos. "Isso não significa que haja uma preocupação em interpretar os sonhos. A ioga prega a consciência plena mesmoao dormir, para que a pessoa esteja sempre desperta, com a mente limpa, livre de distorções", diz Bassoli.
Passagens de sonhos são recorrentes nas escrituras sagradas. Na Bíblia, os profetas José e Daniel receberam de Deus o dom de desvendá-los. O primeirointerpretava as visões do rei do Egito e o segundo traduzia os relatos de Nabucodonosor. O texto sagrado reúne mais de 700 citações de sonhos evisões. Numa das mais famosas, São José é avisado pelo anjo Gabriel queMaria carrega no ventre uma criança divina. "Na Bíblia, o sonho não deixa deser uma ferramenta literária, uma maneira que se encontrou para transmitir uma mensagem", afirma o biblista cônego Celso Pedro da Silva. O professor deteologia da PUC Rafael Rodrigues prefere dar outra explicação. "Esses relatos bíblicos têm como marca fundamental revelar a palavra de Deus pormeio da profecia", diz. *Grande parte do conteúdo do Corão, livro sagrado do Islã, foi revelada ao profeta Maomé em sonho*. E nos Vedas dos hindus hárelatos oníricos favoráveis e desfavoráveis. Independentemente da crença, é durante a fase de alta atividade neural dosono (chamada de REM, rapid eye movement) que as revoluções oníricas acontecem. De importância comprovada para o fortalecimento da memória, os sonhos começam a ter seu papel reconhecido também na reestruturação dela, deforma a gerar novos comportamentos. Ou seja: sonhar estimula a criatividade. "Durante o sono de ondas lentas, não há sonhos, apenas pensamentos no escuro. Quando aumenta a atividade neural e as memórias começam a interagir, é como se acendesse a luz do projetor e começasse a sessão de cinema", compara Ribeiro. O melhor de tudo é que os filmes em cartaz são sempre para lá de especiais: eles foram produzidos e estrela dos por você.
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imagem: Google