sábado, 31 de maio de 2008

Gene que ‘causa mau comportamento’ é identificado


Muito bom este artigo do Jorge Hessen, mas preciso apenas comentar um outro ponto que parece não ter sido levado em conta por ele no momento:

- Não somos realmente joguetes da genética, mas vários fatores podem sim desencadear problemas genéticos através de "n" formas, sem que sejamos os únicos responsáveis por estes.

Vejamos:
1) Sabe-se que através da energia dispendida pelas emoções/pensamentos (bons ou ruins) de terceiros, nossa saúde física e mental (células em geral) podem ser afetadas até mesmo desde a gestação;

2) Sabe-se, também que, espíritos ainda dedicados ao mal - alguns chamados de "magos negros" - implantam comumente aparelhos em nosso corpo perispirítico no intuito de causarem sofrimento, doenças e dor às suas "vítimas".

Considerando-se entretanto que embora também saibamos que isso só acontece à nós por nossa invigilância ao abrirmos as portas através de nossas sintonias com os mesmos ou mesmo por débitos do nosso passado, não podemos imputar todos os "defeitos genéticos" à nós enquanto espíritos, admitindo apenas que em casos como os que citei, possamos ser "co-participantes" nestas lesões.

Kardec nos advertiu para que déssemos a devida importância e respeito à ciência (isso para não colocar aqui a frase radical dele) e, mais uma vez devemos sim, aplaudir os avanços da mesma em benefício de nós mesmos, uma vez que "também" sabemos que, nestes casos, são inspirados/orientados pelo lado elevado da espiritualidade benfeitora afim de ajudar o ser humano em suas dificuldades.

Nosso livre-arbítrio é fundamentado na nossa consciência desperta; frente ainda ao nosso despreparo/ignorância das leis divinas, passamos a ser vítimas de nós mesmos, mas sem a responsabilidade total por nossos desiquilibrios. Terceiros envolvidos têm sua cota participativa!


Um suicida, por exemplo, gozando de suas faculdades mentais intáctas (se é que isso é possível para este!) é muito mais culpado pelos danos causados ao seu planejamento reencarnatório e ao seu perispírito, do que aquele que mata seu corpo físico num momento de surto psicótico, numa crise emocional, num desespero incontrolável, por exemplo - também já nos esclarece a espiritualidade maior, embora também tenham sua carga de responsabilidade por estes desiquilíbrios.


Mantenhamos as devidas proporções na análise de assuntos ligados principalmente ao avanço da ciência, para que não nos precipitemos em nossos julgamentos, muitas vezes radicalizando o que não é nada radicalizável.

Muita Paz,
Andy






Gene que ‘causa mau comportamento’ é identificado

Adolescentes podem ser mais propensos a cometer crimes violentos se tiverem uma versão menos ativa de um gene que controla a agressão e forem submetidos a abusos na infância, segundo um estudo realizado pelo Instituto de Psiquiatria de Londres e objeto de uma reportagem da revista científica New Scientist.
A equipe do Instituto de Psiquiatria de Londres teve acesso a um estudo neozelandês que acompanha desde 1972 a saúde física e mental de mais de mil pessoas desde o nascimento.
Os pesquisadores analisaram tanto o registro de maus tratos na infância quanto a presença da enzima MAO-A, que regula a quantidade de serotonina no cérebro, molécula que tem um papel importante no controle da agressão.
O resultado indicou que crianças que sofrem algum tipo de abuso na infância e possuem uma forma pouco ativa da MAO-A têm três vezes mais chances de apresentar uma desordem comportamental e dez vezes mais chances de serem condenadas por um crime violento.
O estudo identificou dois grupos de delinqüentes.
Um grupo é formado por pessoas que passam a cometer crimes pequenos depois de entrar em contato com a turma errada. Esses jovens comumente deixam a criminalidade aos vinte e poucos anos.
O outro grupo, mais problemático, é formado por pessoas que passam a dar sinais de um comportamento anti-social já mesmo na idade de ir à creche. São essas crianças que teriam uma predisposição biológica para problemas comportamentais, segundo o estudo.
Notícia publicada na
BBC Brasil, em 10 de abril de 2008.
Jorge Hessen* comenta
NÃO SOMOS JOGUETES DA CASUALIDADE BIOGENÉTICA25 de maio de 2008
A reportagem publicada na revista científica New Scientist consigna que o "gene" causador do mau comportamento foi identificado. Segundo o resultado da pesquisa, os adolescentes podem ser mais propensos a cometer crimes violentos se tiverem uma versão menos ativa de um "gene" que controla a agressão. O estudo foi realizado pelo Instituto de Psiquiatria de Londres, onde pesquisadores analisaram e registraram a presença da enzima MAO-A, que regula, no cérebro, a quantidade de serotonina, molécula que tem um papel importante no controle da agressividade. O mau comportamento é, segundo se acredita, apenas um reflexo da forma pouco ativa da MAO-A.
Sobre o assunto, não desconhecemos que a genética, através de seus princípios, teve grande importância no esclarecimento dos mecanismos de aparecimento e desenvolvimento das espécies, mas fatos que não estavam tão claros na obra revolucionária de Charles Darwin de 1859, com o desenvolvimento posterior da teoria darwinista, dinamizada pela genética, deram origem a diversas especulações em torno da natureza do homem. Nesse sentido, nasceu a idéia de que os genes seriam responsáveis não só pelos caracteres morfológicos de um ser vivo, porém também de toda sua bagagem comportamental.
É importante ressaltar de imediato que há diferenças fundamentais entre a gênese orgânica e a gênese espiritual. A primeira, em sentido puramente material, pois que se trata exclusivamente do ponto de vista corpóreo. A segunda é uma verdade axiomática: se não há efeito sem causa, não há efeito inteligente sem causa inteligente. Não podemos atribuir pensamento à matéria, mas concluir que ela se move mediante um comando inteligente, e que dela se serve para se manifestar e evoluir.
É bem verdade que é o próprio Espírito que modela o seu envoltório, molda-o de acordo com a sua inteligência e necessidades, mas daí a dizer que os genes seriam responsáveis por toda uma bagagem comportamental, vai uma grande distância, pois assim não estaríamos estabelecendo distinção entre habitação e habitante.
Aplicada ao homem, essa forma radical de interpretação biogenética adquiriu enorme força na forma do "darwinismo social". A rigor, o escopo da proposição seria a lei de perpetuação de certo gene como delimitador de uma determinada característica – seja morfológica ou comportamental –, mas, sobretudo esta última, quando representasse vantagens nitidamente desejáveis a toda espécie. A mantença do gene favoreceria diretamente a permanência da própria espécie.
Como resultante desse princípio, que é consubstanciado para os caracteres morfológicos, seria possível modificar o comportamento dos indivíduos pela manipulação genética. Essa tese admite que os genes contêm todo o código que descreve o indivíduo, mesmo em sua mais íntima psicologia, a saber: sobre como ele se posiciona diante de determinadas circunstâncias, de suas tendências inatas, na inteligência, na afetividade, no relacionamento social. É óbvio que esse princípio está em total discordância com os preceitos da Doutrina Espírita.
Será que somos apenas um repositório para a sobrevivência dos genes que carregam para a eternidade nossos sentimentos e modos de ser? Ilustremos o assunto evocando a doutrina da eugenia. Segundo ela, seria possível ao Estado gerar uma elite genética pelo controle rigoroso da reprodução humana, favorecendo a perpetuação dos indivíduos com caracteres de comportamento desejáveis e proscrevendo os indesejáveis. A historiografia registra que alguns Estados totalitários do século passado chegaram a namorar com a eugenia como programa de desenvolvimento social com trágicas conseqüências.
Nosso objetivo aqui é chamar a atenção para os fundamentos que diferenciam a posição espírita das especulações advindas principalmente da genética. O principal ponto que agride diretamente com essas recentes propostas é a concepção de livre-arbítrio. Algumas teses expostas acima, mormente da reportagem da New Scientist, como ranço do darwinismo social, aplicada à natureza humana, parecem fortemente limitar uma das mais misteriosas propriedades do homem: o livre-arbítrio.(1)
Apesar das muitas interpretações filosóficas do livre-arbítrio, em que a teologia alega que a doutrina da onisciência divina está em conflito, pois se Deus sabe exatamente o que ocorrerá, incluindo cada escolha feita por pessoa, o status das escolhas como livres está em questão. Muitos cristãos não-calvinistas tentam uma reconciliação dos conceitos duais de predestinação e livre-arbítrio. Estudiosos de vieses vaticanistas aceitam a idéia de livre-arbítrio universalmente, mas geralmente não vêem o livre-arbítrio como existindo separadamente ou em contradição com a graça divina.
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino escreveram bastante sobre o livre-arbítrio. Agostinho foca no livre-arbítrio nas suas respostas aos maniqueus, e nas limitações de um conceito de livre-arbítrio como negação da graça divina. A rigor, a ênfase da Igreja de Roma no livre-arbítrio e na graça divina freqüentemente é contrastada com a predestinação no cristianismo protestante, especialmente após a contra-reforma.
Para o Espiritismo, o livre-arbítrio significa liberdade moral do homem, faculdade que ele tem de se guiar pela sua vontade na realização de seus atos. Os Espíritos ensinam que a alteração das faculdades mentais, por uma causa acidental ou natural, é o único caso em que o homem fica privado de seu livre-arbítrio. Fora disso, é sempre senhor de fazer ou de não fazer.
Não estamos desconsiderando a importância da genética como ciência bem estabelecida, mas discordamos das interpretações absurdas nascidas de extrapolações com base profundamente materialista. A genética tem sido responsável por uma enorme variedade de contribuições práticas em vários campos da ciência, tornando possível a cura de muitas doenças e a produção de substâncias que melhoram consideravelmente o desempenho fisiológico de muitos seres vivos.
Não desconhecemos que a Ciência tem contribuído, no limite de seu recurso, para síntese de substâncias que exercem funções neurotransmissoras – a fim de assegurar o controle e equilíbrio neuropsicofísico dos portadores de agumas síndromes psicopatológicas. Porém, no que diz respeito às tendências da individualidade humana, é óbvio que elas não podem ser fixadas, inexoravelmente, ou pré-programadas, geneticamente, desde a hora de nosso nascimento. Isto equivale afirmar que a decisão de qual caminho tomar diante das influências externas (incluindo aqui o processo de produção da enzima MAO-A, que regula, no cérebro, a quantidade de serotonina) pertence somente ao Espírito, durante sua jornada evolutiva. Uma vez que as qualidades morais que caracterizam a índole do ser humano têm inexoravelmente origem em seu Espírito.
Kardec indagou aos Espíritos: "Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros do mal? Não têm eles o livre-arbítrio?" Os Benfeitores responderam: "Deus não os criou maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanto para o mal. Os que são maus, assim se tornam por vontade própria."(2) (grifamos)
Sem o livre-arbítrio, os Espíritos não passariam de meros andróides previamente programados. O ínclito mestre de Lyon redarguiu aos Mensageiros maiores: "Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência de si mesmos, gozar da liberdade de escolha entre o bem e o mal? Há neles algum princípio, qualquer tendência que os encaminhe para uma senda de preferência a outra?" A resposta foi simples: "O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito. A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude de sua livre vontade. É o que contém a grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original; uns cederam à tentação, outros resistiram."(3)
Por isso mesmo, não seria possível que as predisposições instintivas fossem determinadas geneticamente. A Doutrina Espírita, abertamente, faz a asserção de que as predisposições instintivas, a bagagem ou herança espiritual criada e carregada por ele mesmo através dos séculos são patrimônios do Espírito. Essa conclusão, magistralmente integrada ao conteúdo de princípios da Terceira Revelação, é a única capaz de explicar o ser humano ou de, ao menos, trazer a sensação consoladora de que não somos joguetes da casualidade biogenética.
Referências:
1) Capacidade do ser decidir entre duas alternativas ou entre um conjunto de opções por uma introspecção interna. O livre-arbítrio prende-se logicamente a razão de ser da personalidade humana, diz-se que a criatura humana age de acordo com suas pendências pessoais, e toma a decisão segundo seus interesses e inclinações quando o livre-arbítrio tem papel preponderante;
2) Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. Feb, 2001, parte 2, do capítulo 1, questão 121;
3) Idem, questão 122.
* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.

fonte: http://www.espiritismo.net/content,0,0,645,0,0.html

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